Meu nome é Philippe Crawford e tenho 21 anos de idade. Participo do grupo de autodefensores há dez anos

Meu sonho sempre foi fazer faculdade de Educação Física e claro dar aulas quando me formar. Me dediquei e fui fazer cursinho para prestar vestibular. Sim, pessoas com deficiência intelectual podem ir muito além do que acreditam. No cursinho da Poli não percebi nenhuma forma de preconceito, muito pelo contrário fui bem acolhido pelos professores e funcionários. O material que se usa para estudar é ótimo, e o que faz a diferença no meu aprendizado são os professores; eles que tornam as atividades mais acessíveis para minha compreensão.

Claro que tenho o privilégio de ter uma família que me apoia e me incentiva, pois sei que nem todas as pessoas com deficiência podem contar com esse apoio. E esse é meu papel ajudar outras pessoas com deficiência intelectual a entender, buscar e acreditar nos seus direitos.

Minha rotina de aula é comum de qualquer jovem sem deficiência, pois todos estão lá para aprender e tirar o máximo dos professores além das aulas que são maravilhosas. Os alunos cooperam muito uns com os outros o cursinho tem reunião com os coordenadores de ensino semanalmente onde é perguntado como estão indo, quais as dificuldades, avaliações do curso e dos professores. Também gosto de passear, ir ao shopping, assistir futebol como um bom são paulino, faço coleção de bonecos de super heróis e tenho meus sonhos e medos como qualquer jovem da minha idade.

Ano passado fiz o ENEM e recebi atendimento especializado em condições favoráveis. Tive uma hora de tempo extra para finalizar a prova, um professor para me ajudar a interpretar o texto e preencher o gabarito, se necessário. Inclusive, dei entrevista para TV Brasil falando da importância de respeitar a condição individual de cada pessoa com deficiência.

Eva, uma das professoras do cursinho da Poli foi entrevistada por mim e pedi para que ela falasse sobre a inclusão dentro da Poli: “o curso da Poli sempre trabalhou com alunos com deficiência, sempre. Já trabalhamos com pessoas de baixa visão, autismo, com deficiência auditiva. A meta da Poli é a inclusão. O material de estudos é adaptado para que seja garantida a inclusão da pessoa com deficiência que frequenta nosso cursinho. Tivemos um aluno com autismo que entrou para faculdade depois de frequentar nossas aulas e esse ano se forma. Essas experiências vão colaborando para uma sociedade mais inclusiva”.