Sou Eliano, tenho 55 anos e participo do grupo de autodefensoria faz muito tempo, desde 2014. Defendo e ajudo meus colegas a defender os direitos das pessoas com deficiência intelectual.
O grupo mudou muito minha vida. Consigo ser mais firme nas minhas escolhas e não tenho mais aquela vergonha que tinha de nem conseguir falar com as pessoas de tanto medo de sofrer preconceito.
A escola realmente foi um lugar bem difícil pra mim. Não sei ler e escrever e as pessoas “tiraram sarro da minha cara”.
A pessoa com deficiência intelectual se apoiada pode fazer o que quiser. Agora mesmo para realizar esse depoimento minha esposa está me ajudando na leitura das perguntas. Isso não impede que eu não seja dono da minha própria fala.
Atualmente não estou trabalhando, mas sempre trabalhei. No trabalho confesso que não senti tanto o preconceito como na escola, mas claro que sempre tem as pessoas que olham diferente ou comentam que não somos capazes. Uma vez cheguei a ouvir porque não consegui realizar uma tarefa: “tinha que ser retardado mesmo”. Ouvir aquilo me deixou tão desanimado porque em tempos que falamos da Lei Brasileira da Inclusão ainda ouvir isso é muito ruim, mas eu já participava do grupo e consegui exigir respeito, mesmo aquela fala doendo muito em mim.
Meu sonho é que as pessoas com deficiência intelectual possam ser respeitadas de verdade e que não seja preciso uma série de coisas para garantir nossos direitos. Fico pensando se não existisse a lei de cotas, vocês acham mesmo que empresas contratariam pessoas com deficiência intelectual? Tenho minhas dúvidas. Por esse motivo que ainda vejo que temos muito que aprender e lutar.